domingo, 31 de agosto de 2008

A eleição em debate

ARTIGO – OPOVO – 30.08.08

Antonio Mourão Cavalcante

Quando acompanho a propaganda eleitoral gratuita, escutando os candidatos a vereador e mesmo a prefeito, fico possuído de um sentimento muito ruim. Puxa vida, que pobreza! Nada de original. Nada de conseqüente. Propaganda vazia. Lugar comum. Vociferam: fiz isso, vou fazer aquilo... E, daí?

No mais das vezes são promessas ocas, desprovidas de sinceridade. Quem se deixa enganar? O que significa, por exemplo, ronda de saúde? Quem disse que fazer saúde é apenas promover pronto atendimento? Postos abertos significam mais saúde? Mais salas de aula indicam que temos melhor educação? Os profissionais e técnicos das respectivas áreas sabem, muito bem, que não é nada disso...

Quem se propõe a tornar o cidadão mais participativo na vida da comunidade? Qual é o sonho projeto de Fortaleza? Se hoje somos a quinta cidade do país, qual é nossa vocação? O que estamos pensando sobre o crescimento que experimentamos em todas as direções? Como fica o sistema de transportes, de habitação, de ruas e avenidas? Discurso monótono e ingênuo. Demagógico! Vamos baixar o preço das passagens de ônibus! Como se esmola sempre fosse o mais conveniente. Como se ninguém fosse pagar essa “gentileza”. Milagres caindo do céu..

Os debates estão eivados de acusações e impropérios. O papel de vítima é reivindicado insistentemente. As alianças arranjadas e negociadas (Deus sabe como!) tornando-se mercado de troca: quem dá mais!

O POVO denunciou que os escritórios dos vereadores, na Câmara Municipal, tornaram-se comitês eleitorais de seus respectivos ocupantes. Pensando tratar-se de um espaço pessoal, usam e abusam. Pode? A Justiça Eleitoral já tomou conhecimento e diligenciou providências? Esse exemplo vem ilustrar a promiscuidade existente entre o público e o privado. De como a mentalidade desses edis os desqualifica para o cargo. Não votem neles!
Não quero passar a idéia que está tudo perdido. Se defendo um debate mais consistente e conseqüente, se critico a falta de idéias mais amplas, eu não condeno o processo. A democracia avança e se aperfeiçoa. Cabe a cada um de nós conduzirmos e reproduzirmos essas reflexões a todos os eleitores. Não esperemos dos políticos. Façamos nossa parte.

Antonio Mourão Cavalcante – Médico e Antropólogo. Professor Universitário.

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